Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico
Visão geral, Causas, e Fatores de Risco
Um acidente vascular cerebral é a morte do tecido cerebral que ocorre quando o cérebro não recebe sangue e oxigénio suficientes.. O AVC hemorrágico é uma doença grave que ocorre quando o sangue escoa de um vaso sanguíneo danificado para o tecido cerebral.
O que está a acontecer no corpo?
Um AVC hemorrágico ocorre quando os vasos sanguíneos no cérebro rompem e libertam o sangue para a área ao redor das células do cérebro. O sangue então danifica as células do cérebro. Os produtos libertados quando as células morrem provocam um edema cerebral. Uma vez que o crânio não possui muito espaço que permita a expansão, este edema poderá danificar ainda mais o tecido cerebral.
Quais são as causas e riscos desta doença?
Um AVC hemorrágico pode ser provocado por:
- pressão arterial elevada
- sangramento anormal derivado ao diluimento do sangue medicamentos, como a varfarina ou heparina
- hemofilia A ou hemofilia B, que são desordens de sanguíneas que impedem a coagulação normal do sangue
- reduzido número de plaquetas, um tipo de células sanguíneas que intervêm na coagulação do sangue. O reduzido número de plaquetas é verificado numa série de doenças e * condições, incluindo infeções agudas e uma reação alérgica grave conhecida como choque anafilático.
- rutura de um aneurisma cerebral, ou parede dos vasos sanguíneos enfraquecida dentro do cérebro
- anemia falciforme, uma doença hereditária que resulta na malformação das células vermelhas do sangue
- um grupo de vasos sanguíneos com malformação dentro do cérebro conhecido como malformação arteriovenosa ou MAV
- ferimentos na cabeça
- eclampsia, uma complicação da gravidez que provoca elevada pressão arterial na mãe
O risco de acidente vascular cerebral hemorrágico de uma pessoa é aumentado se outros fatores de risco de AVC também estiverem presentes.
A American Heart Association publicou recentemente diretrizes para a prevenção do AVC. As diretrizes apresentam os fatores de risco de AVC divididos em 3 categorias: não modificável, bem documentado modificável, e menos bem documentada ou potencialmente modificável.
Os fatores não modificáveis são aqueles que não podem ser alterados pelo indivíduo e incluem:
- Aumento da idade. O risco de AVC de uma pessoa duplica a cada ano depois dos 55 anos de idade.
- Raça. Os AVC’s ocorrem aproximadamente duas vezes mais em negros e hispânicos em comparação com os caucasianos.
- Género. Os homens têm cerca de 50% mais probabilidades de sofrer um AVC do que as mulheres.
- História familiar de AVC ou de acidente isquémico transitório (AIT). O AIT uma forma curta e reversível de AVC que pode servir como prévio * sinal de alerta de AVC.
Fatores de risco modificáveis bem documentados são aqueles que podem ser alterados pelo indivíduo em conjunto com o seu provedor de cuidados médicos. Estes fatores foram associados ao AVC através de resultados sólidos de investigação, e existem provas documentadas de que alterar os fatores de risco reduz o risco de AVC de uma pessoa. Estes fatores incluem:
- elevada pressão arterial
- tabagismo
- diabetes
- estenose carotídea assintomática, ou estreitamento de uma das artérias do pescoço
- anemia falciforme, uma doença do sangue que provoca malformação dos glóbulos vermelhos
- níveis elevados de colesterol no sangue, incluindo colesterol total e LDL, ou “mau colesterol”. Baixos níveis de HDL ou “colesterol bom” também são motivo de preocupação.
- fibrilação atrial, uma alteração do ritmo cardíaco
Fatores de risco de AVC menos bem documentados ou potencialmente modificáveis são aqueles que têm menos provas tanto de associação com o acidente vascular cerebral quanto de impacto na alteração do fator de risco. Estes fatores incluem:
- obesidade
- estilo de vida sedentário com atividade física inadequada
- abuso do álcool
- elevados níveis sanguíneos de homocisteína, um componente do sangue por vezes associado a um risco mais elevado de AVC
- abuso de drogas
- distúrbios sanguíneos, tais como sangue que coagula facilmente ou deficiências em diversos componentes sanguíneos
- terapia de reposição hormonal (TRH). A AHA atualmente afirma que o risco de acidente vascular cerebral associado com HRT parece baixo, mas necessita de um estudo mais aprofundado.
- uso de pílulas anticoncecionais, ou contracetivos orais
- processos inflamatórios, tais como uma infeção crônica por clamídia
Vários estudos recentes identificaram fatores que parecem aumentar ou diminuir o risco de AVC em determinados grupos de pessoas. Estes estudos, que justificam uma investigação mais aprofundada, incluem os seguintes achados:
- Pessoas que foram tratadas para a pressão arterial elevada com diuréticos tiazídicos, como a hidroclorotiazida, apresentaram um risco de AVC significativamente menor do que as pessoas em tratamento com inibidores de ECA ou bloqueadores de canais de cálcio.
- Mulheres com idades entre 15 a 44 anos que beberam 2 copos de vinho por dia apresentaram um risco de AVC 40% a 60% menor do que as mulheres que não bebem álcool.
- A fenilpropanolamina, um composto contido em inibidores de apetite e remédios para as constipações, aumentou significativamente o risco de AVC hemorrágico em mulheres entre os 18 e os 49 anos de idade. esde então, a Food and Drug Administration (FDA) solicitou aos fabricantes que removessem a fenilpropanolamina das suas linhas de produtos.
- Num estudo, s pessoas que foram tratadas, nos departamentos de emergência, para ataques isquémicos transitórios (AIT) apresentaram 25% de probabilidade de sofrer um AVC ou outro evento de saúde grave dentro dos 90 dias seguintes.
Sintomas e Sinais
Quais são os sinais e os sintomas da doença?
Os acidentes vasculares cerebrais podem apresentar vários sinais e sintomas iferentes, dependendo da região do cérebro danificada. Algumas pessoas têm várias áreas danificadas. A maioria dos AVC’s ocorrem subitamente, desenvolvem rapidamente, e provocam danos cerebrais em poucos minutos. Os sinais e sintomas incluem:
- problemas de movimento, como fraqueza, falta de jeito, ou paralisia. Estes manifestam-se muitas vezes apenas num dos lados do corpo. Em alguns casos, as pessoas podem sentir fraqueza ou falta de jeito apenas na sua mão. Noutros casos, uma metade inteira do corpo fica paralisada.
- dor de cabeça
- entorpecimento ou falta de sensibilidade, o qual ocorre também muitas vezes apenas num dos lados do corpo
- dificuldades de fala, incluindo fala arrastada ou dificuldade em encontrar a palavra correta
- dificuldade em fazer contas ou escrever
- dificuldade na compreensão escrita e falada
- incapacidade de reconhecer membros da família ou objetos comuns
- demência, uma condição que afeta a memória, a compreensão e a capacidade de realizar as atividades normais da vida diária deficiência visual, incluindo visão turva ou perda total da visão
- deficiência auditiva
- alterações na personalidade
- dificuldade em engolir
- problemas de equilíbrio, conhecidos como ataxia
- coma
- a incapacidade de respirar por conta própria. Tal poderá levar a que uma pessoa seja colocada numa máquina de respiração artificial, ou ventilador.
Diagnósticos e Exames
Como é diagnosticada a doença?
Exames de ressonância magnética e TAC cerebral poderão ser solicitados para mostrar o tipo, tamanho e localização do AVC.
Poderão ser feitas análises ao sangue se a pessoa estiver a tomar medicamentos para diluir o sangue. Análises ao fluxo de sangue, utilizando ultrassom ou angiografia, poderão ser também utilizados.
Prevenção e Expectativas
O que pode ser feito para prevenir a doença?
Alguns AVC’s hemorrágicos podem ser prevenidos através do controlo cuidadoso de doenças ou distúrbios subjacentes. A gestão cuidadosa da anemia falciforme ou da hemofilia A ou B , por exemplo, poderá reduzir a probabilidade de AVC’s hemorrágicos. Para indivíduos com aneurismas cerebrais diagnosticados, deverão ser cumpridas orientações para a monitorização e tratamento.
AVC’s hemorrágicos derivados de lesões na cabeça podem ser minimizados seguindo as orientações de segurança nos desportos para crianças, adolescentes e adultos.
As diretrizes da American Heart Association no que toca a prevenção de AVC’s são dirigidas tanto para os fatores de risco modificáveis e menos bem documentados como para os potencialmente modificáveis.
Medidas para reduzir o risco modificável de elevada pressão arterial , uma das principais causas de AVC’s, incluem:
- medir a pressão arterial nos adultos pelo menos uma vez a cada 2 anos para monitorizar a pressão arterial alta
- controlo do peso
- atividade física
- moderação no consumo de álcool
- moderado consumo de sódio
- para aqueles que fumam, deixar de fumar
- medicamentos para tratar a elevada pressão arterial se a pressão arterial da pessoa estiver acima dos 140/90 três meses após estas mudanças no estilo de vida, ou se a pressão arterial inicial estiver acima dos 180/100
Outras medidas para reduzir os fatores de risco modificáveis de AVC de uma pessoa incluem:
- deixar de fumar usando adesivos de nicotina, aconselhamento, e programas formais de tabagismo
- controlo dos níveis de açúcar no sangue numa pessoa com diabetes através de medicação, dieta, e exercício
- a utilização de ramipril em pessoas com diabetes. Um estudo recente revelou que pessoas com diabetes têm menos 33% de risco de AVC se tomarem ramipril.
- avaliação cuidadosa da estenose carotídea assintomática de modo a determinar a necessidade ou não de cirurgia. Cirurgia da artéria coronária, tal como uma endarterectomia, poderá ser indicada. Uma endarterectomia irá abrir a porção estreita da artéria e aumenta o fluxo sanguíneo para o cérebro. As pessoas com estenose carotídea deverão também acompanhar de perto com o seu provedor de cuidados médicos de modo a controlar outros fatores de risco de AVC.
- triagem semestral em crianças com anemia falciforme, usando o ultrassom para determinar o risco da criança de sofrer um AVC
- tratamento da fibrilação atrial com diluentes de sangue, como a aspirina ou varfarina, dependendo da idade da pessoa e outros fatores de risco
- monitorização de elevados níveis de colesterol total ou LDL, assim como baixos níveis de HDL. Dependendo dos níveis no sangue e os outros fatores de risco da pessoa, poderão ser administrados medicamentos para reduzir o colesterol.
Medidas para reduzir riscos menos bem documentados ou potencialmente modificáveis de AVC podem incluir:
- redução de peso em pessoas com excesso de peso * 30 ou mais minutes de exercício moderado por dia para a maioria dos indivíduos. As pessoas com doenças ou deficiências cardíacas devem estar inseridas num programa de exercícios sob supervisão médica.
- uma dieta saudável para doenças cardíacas, contendo pelo menos 5 frutas e vegetais por dia
- para aqueles que bebem álcool, beber com moderação. A HA define beber com moderação como beber não mais que 2 bebidas por dia para os homens e 1 bebida por dia para as mulheres.
- procurar tratamento para o abuso de drogas
- monitorização dos níveis de homocisteína no sangue. Para a maioria dos indivíduos, uma dieta equilibrada seguindo a pirâmide dos alimentos irá providenciar ácido fólico e vitaminas B suficientes para manter um nível de homocisteína saudável. Para pessoas com nível elevado de homocisteína, poderão ser recomendados suplementos que contenham ácido fólico e vitaminas B.
- evitar a toma de contracetivos orais em mulheres com outros fatores de risco de AVC
Algumas pessoas têm sinais de avido prévios de que estão em risco de sofrer um AVC.O sinal mais comum é o chamado ataque isquémico transitório, ou AIT. Este é um tipo de AVC reversível que normalmente desaparece após alguns minutos. Estas pessoas podem normalmente obter tratamento que irá prevenir um AVC no futuro. Por exemplo, poderão ser aconselhadas a tomar aspirina ou corrigir a obstrução de uma artéria do pescoço através da cirurgia da artéria carótida.
Quais são a efeitos a longo prazo da doença?
Os AVC’s podem provocar a morte ou invalidez permanente. Apesar de algumas pessoas recuperarem algumas funções nos primeiros meses após um AVC, outras não demonstram qualquer recuperação. Algumas pessoas têm vários pequenos AVC’s ao longo do tempo e vão piorando devagar com cada AVC.
Quais são os riscos para os outros?
Os AVC’s não são contagiosos e não apresentam riscos para terceiros.
Tratamento e Monitorização
Quais são os tratamentos para a doença?
Se alguém tiver os sinais de alerta prévios de AVC, o sistema de emergência medico deverá ser imediatamente contactado. Estes sinais incluem um início súbito de:
- dores de cabeça severas
- fraqueza ou dormência na face, braço, ou perna, especialmente num lado do corpo
- tonturas
- dificuldade em andar ou perda de equilíbrio, conhecido como ataxia
- confusão
- deficiências na fala, incluindo dificuldade em falar ou compreender fala
- deficiências visuais
Terapia de suporte poderá ser também necessária com alguns AVC’s. Isso poderá incluir máquinas de respiração artificial, ou ventilador, e um tubo de alimentação artificial se a pessoa não conseguir engolir.
Serviços de reabilitação poderão ajudar a melhorar a função de uma pessoa após AVC. Terapia física e outras terapias, como terapia da fala e terapia ocupacional, poderão ser utilizadas para maximizar a recuperação.
Quais são os efeitos secundários do tratamento?
Os efeitos secundários dependem dos tratamentos utilizados. Por exemplo, um ventilador poderá por vezes provocar danos nos pulmões ou uma infeção.
O que acontece após tratamento da doença?
Depois da pessoa estar estável, do tratamento dos fatores de risco de AVC, assim como as causas do AVC, é importante prevenir futures AVC’s. Por exemplo, parar de fumar e controlar a pressão arterial alta, os diabetes, e o elevado colesterol são aconselhados à maioria das pessoas.
Muitas pessoas precisam de assistência de uma forma ou de outra após um AVC. Isso poderá significar desde a utilização de uma bengala à necessidade de auxílio de enfermagem qualificado 24 horas por dia. Terapia contínua para melhorar a função é geralmente recomendada durante pelo menos 6 meses de a pessoa puder.
Como é monitorizada a doença?
As pessoas que têm um AVC são muitas vezes internadas no hospital para acompanhamento rigoroso. Assim que a pessoa estiver estável, poderá ser reencaminhada para casa ou para serviços especializados de enfermagem ou centro de reabilitação para terapia adicional. Quaisquer novos sintomas ou agravamento deverão ser comunicados ao prestador de cuidados de saúde.