As doenças eritrocitárias ou hematológicas estão associadas a um risco de acidente vascular cerebral.

A policitémia vera é uma doença hematológica neoplásica caracterizada por um aumento da massa de glóbulos vermelhos com hiperviscosidade e um aumento da resistência vascular. Pode haver uma incidência elevada ou uma recorrência de tromboses arteriais, venosas ou dos seios cerebrais em vasos de grande ou pequeno calibre. Aproximadamente 15% dos doentes com policitémia vera morrem de trombose cerebral, 87% dos quais após episódios repetidos. Tanto a drepanocitose como a policitémia vera aumentam a viscosidade sanguínea, com ateromas que degeneram as paredes dos vasos sanguíneos e ingurgitamento vascular. A trombocitémia é caracterizada por uma agregação plaquetária espontânea com manifestações isquémicas tromboembólicas.

Nas mulheres, o risco de morte por acidente vascular cerebral é o dobro do risco de morte por cancro da mama. As mulheres com LED, drepanocitose ou sífilis do SNC que engravidam aumentam significativamente o seu risco de acidente vascular cerebral, embora os mecanismos do acidente vascular cerebral sejam diferentes. A diabetes tipo 2, a dislipidémia, a inactividade, a obesidade e as inadequações nutricionais coexistem frequentemente. A terapêutica hormonal de substituição pós-menopáusica pode ser um factor de risco para o acidente vascular cerebral isquémico nas mulheres com mutação do factor V de Leiden. Quando combinado com a utilização de contraceptivos orais, o tabagismo aumenta o risco de acidente vascular cerebral isquémico e a combinação de utilização de contraceptivos orais, idade superior a 30 anos, uma história de enxaquecas, tabagismo e hipertensão pode conduzir a um acidente vascular cerebral de tipo vasculítico.

As mulheres que tomam contraceptivos orais em doses baixas não apresentam um risco significativamente aumentado de acidente vascular cerebral. Contudo, combinados com o tabagismo, a hipertensão ou uma história de enxaquecas, mesmos os contraceptivos em doses baixas podem induzir susceptibilidade ao acidente vascular cerebral isquémico ou a tromboses venosas cerebrais. As mulheres com mais de 30 anos fumadoras e que tomam contraceptivos orais com doses elevadas de estro-génios têm um risco de acidente vascular cerebral 22 vezes superior à média.

Aproximadamente 90% dos acidentes vasculares cerebrais em pessoas com menos de 50 anos parecem estar associados ao tabagismo, à hipertensão, à diabetes mellitus ou à hipertrofia ventricular esquerda. Outras doenças cardíacas, a drepanocitose, as vasculopatias, as coagulopatias, as enxaquecas, a toxicodependência e o alcoolismo ou combinações destas situações podem constituir etiologias adicionais de acidente vascular cerebral nos jovens. A drepanocitose ocorre em 1 em cada 600 indivíduos de raça negra e o acidente vascular cerebral ocorre em pelo menos 10% das crianças com esta doença. O risco é mais elevado nas crianças entre os 2 e os 5 anos de idade.